quarta-feira, 30 de maio de 2012

É IMPOSSÍVEL CRESCER ECONOMICAMENTE ATÉ O INFINITO


Estamos vivendo uma crise no sistema capitalista o qual teima em buscar soluções na contramão da ética do cuidado e da sustentabilidade ambiental. Os economistas de plantão, aqueles que não foram capazes de prever a crise, mas que sempre acharam que tinham o DOM, são os que apontam as soluções e os governos infelizmente as seguem. Para fugir da crise, o negócio, para eles, é baratear os carros, facilitar o crédito, etc...
Ainda não nos damos conta que a crise é ambiental e de dilapidação dos recursos naturais. Estamos ocupando todos os espaços, todos os biomas e indo buscar os minérios cada vez mais fundo na crosta terrestre.
Desde o momento que esta sociedade pautada no crescimento infinito, optou por este tipo de crescimento, o planeta, os biomas, a biodiversidade, os recursos naturais, foram condenados à extinção ou a uma redução drástica e perigosa para a continuidade da existência da vida na mãe terra.
Precisamos apontar para uma sociedade do crescimento ambientalmente sustentável. Isto vai implicar num modelo social diferente cujo conceito de democracia também deverá ser diferente
Uma sociedade ambientalmente sustentável precisa, antes de tudo estar fundada na qualidade do que na quantidade, na cooperação em vez da competição, pautada na justiça social e não no acúmulo de riquezas e na solidariedade se contrapondo à obsessão de conseguir sucesso na vida custe o que custar. A população mundial precisa estabilizar e não aumentar mais. Já tem muita gente, muitas bocas para alimentar, faltam estradas para tantos carros.
Nesta nova democracia embasada na sustentabilidade ambiental não terá lugar este modelo atual de desenvolvimento, de crescimento infinito e cada vez mais insustentável.
Esta sociedade do crescimento infinito está dominada por uma economia de crescimento que se tornou o único modelo de vida. Todos aceitaram, praticamente sem questionar.
Segundo o Professor Sebastião Pinheiro existe um filtro que não deixa a gente ver o que acontece no mundo.
O que nós mortais comuns, que percebemos o estrago que o crescimento ao infinito já fez ao planeta propomos, é diferente do que propõem alguns economistas de plantão que é conciliar o desenvolvimento com respeito ao meio ambiente buscando a ecoeficiência. Trata-se, segundo eles, de reduzir progressivamente o impacto ecológico e a intensidade com que nos apropriamos dos recursos naturais, conduzindo-nos a um nível compatível com a capacidade sustentável do planeta.

Nada de mais utópico. O crescimento forçado da economia capitalista, um capítulo que gerou a atual guerra do petróleo, não permitirá nenhuma pausa para a recuperação que deixe a natureza a possibilidade de reproduzir seus recursos.Tudo isto, além da destruição da biosfera, produz uma desigualdade entre os diversos territórios do mundo, de um lado os países de economia forte, de outro lado os oitenta por cento da população do planeta que consome menos dos vinte por cento do total dos recursos disponíveis sobre a terra.
Esta situação explosiva traz o risco de um Vôo cego rumo ao fim. A sociedade do crescimento infinito cria um mundo doente pela própria riqueza, que é puramente ilusória quanto imaterial.
Precisamos desconstruir o imaginário do consumismo, implantar o senso do limite, pensar localmente, pois até agora só pensamos globalmente. O capitalismo já destruiu a sociedade precisamos evitar que destrua o planeta.
Precisamos construir uma civilização das diferenças que se contraponha ao pensamento único e hegemônico base da ideologia liberal planetária, apontando para uma democracia ecológica local. A vida deverá estar ancorada em valores de referência, focada nas pequenas coisas locais e tomada de uma visão pluriversalista antes que universalista.
Uma democracia das culturas e da diversidade, na qual a participação seja verdadeira, em grau de valorização dos costumes cívicos e que redefina os conceitos de cidadania. Que seja um antídoto à ideia nefasta de um governo mundial.
Uma revolução mental não violenta está na base da sociedade ambientalmente sustentável, a cultura da convivência, do altruísmo que prevalece sobre o egoismo, uma sociedade em que o trabalho não seja uma obsessão, mas um direito de todos.. O economicismo e a tirania do produto interno bruto não poderão mais ser os únicos parâmetros de bem estar possível.
Um sistema econômico que seja ambientalmente sustentável não é uma varinha mágica que vai fazer milagres, mas é a única perspectiva realista de pensar verdadeiramente o futuro.

Nenhum comentário: