segunda-feira, 16 de abril de 2012

SERÁ QUE ACREDITO NA VEJA? "Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma" - Joseph Pulitzer




FONTE: Carta O Berro

no blog do Luis Nassif

Bateu o desespero: "Veja" apela para a fábula do "mensalão" do PT para tentar defender parceiros do crime organizado

Eu não li a reportagem da "Veja" desta semana, porém pela capa fica fácil perceber o que quer a revista.

Depois da prisão de seu parceiro nos esquemas de satanização do PT, o contraventor Carlinhos Cachoeira, e a revelação da relação dele com um dos ex-paladinos da moral e dos bons costumes da direita, o senador Demóstenes Torres, e com o editor-chefe da revista, Policarpo Júnior, o panfleto nazi-fascista da famiglia Civita ficou quase 5 semanas sem dar capa para denúncias de corrupção.

Agora, em uma clara demonstração de desespero, a "Veja" dá capa à fábula do "mensalão", que agora sabemos ter sido engendrada pelo trio Cachoeira-Demóstenes-Policarpo para derrubar o então Ministro da Casa Civil, José Dirceu, que ousou barrar a nomeação de Demóstenes para um importante cargo no Ministério da Justiça.

A iniciativa de "Veja", que certamente deverá ser repercutida pelo resto da mídia bandida de direita, com certeza foi bolada pelos chefes da revista em conjunto com seus parceiros de crime organizado, numa clara tentativa de lançar dúvidas sobre os indícios descobertos pela operação Monte Carlo da Polícia Federal (indícios esses que atingem inclusive alguns petistas, como o Governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz) como sendo apenas uma ação de petistas que querem fazer a população esquecer do "mensalão".

Como não prima pela sutileza nem pela inteligência, "Veja" acaba deixando bem claro para quem serve seu "jornalixo" semanal e escancara de vez suas ligações com o crime organizado cujo líder máximo, Carlinhos Cachoeira, chegou a trocar mais de 200 ligações com o editor-chefe da revista só no curto período investigado pela PF.

Denúncia: Mensalão teria sido “armado” pela dupla Torres e Cachoeira
Por Daniela Novais, no Portal Câmara em Pauta
De acordo com o empresário Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, o contraventor Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) são os responsáveis pelo o maior escândalo político dos últimos anos, o do Mensalão, que está nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF) e pode ser julgado ainda neste ano.
Ernani afirmou ao site Brasil 247 que a fita em que um funcionário dos Correios, Maurício Marinho, aparece recebendo uma propina de R$ 5 mil dentro da estatal foi gravada pelo araponga Jairo Martins e divulgada numa reportagem assinada pelo jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, que seria ligado a Cachoeira (veja matéria). “Estou convicto que Cachoeira e Demóstenes fabricaram a primeira denúncia do mensalão”, disse o ex-prefeito.
Quase nenhuma novidade, não fosse o fato de que no início do governo Lula, em 2003, o senador Demóstenes era cotado para se tornar Secretário Nacional de Segurança Pública e para isso, deveria mudar do DEM para o PMDB, o que inclusive está em uma das gravações feitas com autorização da justiça, em conversa entre Cachoeira e a esposa de Demóstenes, Flávia.
Segundo Ernani, o interesse dele próprio na manobra estava no fato de que a ex-mulher dele se tornaria senadora da República, pois era suplente de Torres. Já Cachoeira pretendia nacionalizar o jogo no País e com Torres na Segurança Pública, isso seriam favas contadas.
Jogaram água
Ernani contou ainda que houve veto à indicação de Demóstenes e que teria partido do então ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Depois disso, Cachoeira e Demóstenes passaram a articular uma retaliação. Segundo Ernani, a primeira ação teria sido a fita, gravada por Cachoeira e que derrubou Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu. O segundo passo, preponderante para desencadear o escândalo do mensalão, teria sido a reportagem de Veja, assinada por Policarpo, com a fita dos Correios em 2005.
Quem te viu quem te Veja – Sete anos e uma operação da Polícia Federal depois, o diretor de Veja em Brasília aparece na gravação de 200 conversas com Cachoeira, onde os dois trocam informações sobre as matérias publicadas que traziam as denúncias mais importantes e que foram derrubando muitos políticos pouco a pouco. A Veja ainda não falou sobre o assunto.
Fato é que as declarações de Ernani de Paula corroboram para confirmar a versão de que o famoso Mensalão pode ter sido mais um joguete do mestre Cachoeira. Vamos aguardar os próximos movimentos até o xeque mate.

Investigar Cachoeira, uma ameaça à liberdade de expressão



Por Luiz Carlos Azenha


Por dever de ofício, li o texto de capa de revista que tenta provar que investigar os crimes do Carlinhos Cachoeira, no Congresso, é um atentado à liberdade de expressão.
O que chamou minha atenção foi a frase abaixo, que interpretei como defesa do uso de fontes-bandidas:
Qualquer repórter iniciante sabe que maus cidadãos podem ser portadores de boas informações. As chances de um repórter obter informações verdadeiras sobre um ato de corrupção com quem participou dele são muito maiores do que com quem nunca esteve envolvido. A ética do jornalista não pode variar conforme a ética da fonte que está lhe dando informações. Isso é básico. Disso sabem os promotores que, valendo-se do mecanismo da delação premiada, obtêm informações valiosas de um criminoso, oferecendo-lhe em troca recompensas como o abrandamento da pena.
Registre-se, inicialmente, a tentativa dos autores de usar os promotores de Justiça como escada. Tentam sugerir ao leitor que o esforço da revista, ao dar espaço em suas páginas a fontes-bandidas, equivale ao dos promotores de Justiça.
Sonegam que existe uma diferença brutal: os promotores de Justiça usam a delação premiada para combater o crime. Os criminosos que optam pela delação premiada têm as penas reduzidas, mas não são perdoados. E a ação ajuda a combater um mal maior. Um resultado que pode ser quantificado. O peixe pequeno entregou o peixe grande. Ambos serão punidos.
O mesmo não se pode dizer da relação de um jornalista com uma fonte-bandida. Se um jornalista sabe que sua fonte é bandida, divulgar informações obtidas dela não significa, necessariamente, que algum crime maior será evitado. Parece-me justamente o contrário.
O raciocínio que qualquer jornalista faria, ao divulgar informações obtidas de uma fonte que ele sabe ser bandida, é: será que não estou ajudando este sujeito a aumentar seu poder, a ser um bandido ainda maior, a corromper muito mais?
Leiam de novo esta frase: As chances de um repórter obter informações verdadeiras sobre um ato de corrupção com quem participou dele são muito maiores do que com quem nunca esteve envolvido.
Não necessariamente. Ele não tem qualquer garantia de que as informações são verdadeiras se vieram de um corrupto. Que lógica é esta?
O policial que não estava lá mas gravou a conversa que se deu durante um ato de corrupção provavelmente vai fornecer uma versão muito mais honesta sobre a conversa do que os corruptos envolvidos nela.
O repórter que lida com alguém envolvido em um ato de corrupção sabe, antecipadamente e sem qualquer dúvida, que a informação passada por alguém que cometeu um ato de corrupção atende aos interesses de quem cometeu o ato de corrupção. Isso, sim, é claro, não que as informações sejam necessariamente verdadeiras.
O repórter sabe também que, se os leitores souberem que a informação vem de alguém que cometeu um ato de corrupção, imediatamente perde parte de sua credibilidade. Não é por acaso que Carlinhos Cachoeira, o bicheiro, se transformou em “empresário do ramo de jogos”.
É por saber que ele era um “mau cidadão” que a revista escondeu de seus leitores que usava informações vindas dele. Era uma fonte inconfessável.
Não foi por acaso que Rubnei Quicoli, o ex-presidiário, foi apresentado como “empresário” pela mídia corporativa quando atendia a determinados interesses políticos em plena campanha eleitoral. A mídia corporativa pode torturar a lógica, mas jamais vai confessar que atende a determinados interesses políticos.
Carlinhos Cachoeira não é, convenhamos, nenhum desconhecido no submundo do crime. Vamos admitir que um repórter seja usado por ele uma vez. Mas o que dizer de um repórter usado durante dez anos, por uma fonte que ele sabe ser bandida?
Sim, porque o texto, sem querer, é também uma confissão de culpa: admite que a revista se baseou em informações de um “mau cidadão”. Ora, se a revista sabia tratar-se de um “mau cidadão” e se acreditava envolvida em uma cruzada moral para “limpar a sociedade” de “maus cidadãos”, não teria a obrigação de denunciá-lo?
Concordo que jornalistas não têm obrigação de dar atestado de bons antecedentes a todas as suas fontes.
Mas onde fica a minha obrigação de transparência com meus leitores se divulgo seguidamente informações que sei serem provenientes de um “mau cidadão”? Qual é o limite para que eu seja considerado parceiro ou facilitador do “mau cidadão”?
Se imperar, a lógica da revista será muito conveniente para aqueles policiais presos por associação ao crime.
Tudo o que terão de dizer, diante do juiz: “Ajudei a quadrilha de assaltantes de bancos, sim, doutor, matando e prendendo os inimigos deles. Mas foi para evitar um mal maior, meritíssimo: uma quadrilha que era muito mais bandida”.
À CPI, pois.

O jornalismo de esgoto da Veja

Veja só como são as coisas.Faz mais de uma semana que corre na Internet informações que dão conta que Demóstenes Torres(DEM-GO), o paladino da ética, está envolvido até a cloaca com os malfeitos de Carlinhos Cachoeira.A Veja não deu um pio em relação ao assunto, ao contrário, escalou o sabujo Reinaldo Azevedo para fazer uma defesa apaixonada do mencionado demo.Pois bem, dando continuidade ao seu jornalismo seletivo, a Veja traz hoje na sua edição online um video onde se vê um deputado do PT pedindo dinheiro para sua campanha ao amigo íntimo dos demotucanos.A Veja vai logo trucidando o sujeito, nem pergunta se o cara que aparece no video é do PT mesmo, coisa que não fez em relação ao cumpadre de Cachoeira.Depois esses bandidos ficam aperreados quando se fala em controle social da mídia.O Brasil tem mais é que botar em vigor uma lei probindo esse estado de coisas.Jornalismo tem que ser independente, e não a favor desse ou daquele partido, desse ou daquele político.

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