quarta-feira, 1 de março de 2017

O Pólen do Milho Transgênico

Roberto Câmara
Quando os grãos de pólen, o arcabouço masculino de reprodução das plantas - cuja estrutura é muito pequena, com apenas alguns micra - se alojam nas narinas, ficam presos numa camada de muco pegajoso. Os anticorpos, que nos defendem de vírus, bactérias e germes, reconhecem o pólen tóxico como inimigo no organismo e acabam travando uma batalha com os grãos, que são identificados como invasores. Nesse momento são desencadeados sintomas como prurido ocular, olhos vermelhos e lacrimejantes, coriza, espirros, coceira nasal e na garganta, ausência ou presença de obstrução das vias respiratórias e asma.
A Syngenta, empresa transnacional do agronegócio, afirma que o seu novo milho transgênico BT11xMIR162xGA21 (que foi autorizado para o comércio e semeadura no Brasil em fevereiro deste ano, de forma duvidosa, pela “Comissão Técnica Nacional de Biossegurança” – CTNBio), não oferece risco algum ao meio ambiente e à saúde humana. Ao mesmo tempo, a referida empresa e seus despachantes gabam-se, dizendo por aí que o seu milho é mortal quando ingerido por cinco diferentes espécies de insetos.
Infelizmente isso ocorre. Omite-se, porém, a transnacional, de avisar que as anteras das flores masculinas dos pendões florais do seu milho transgênico irão lançar de si para a atmosfera, uma extraordinária quantia de PÓLEN VENENOSO, disseminada a partir de 60.000 plantas de milho por cada hectare plantado.
Nem todo pólem é alérgico ao nosso organismo, mas o que dizer de um pólem que é letal a insetos?
Cientistas calculam que só as florestas de Espruce da região sul da Suécia, que ocupam um terço do território nacional, liberam cerca de 80 mil toneladas de pólen por ano. Uma única Ambrósia, o terror dos que sofrem da febre do feno na América do Norte, pode produzir um milhão de grãos de pólen por dia. Carregado pelo vento, o pólen da Ambrósia já foi encontrado a 3 mil metros de altitude na atmosfera e a 600 quilômetros mar adentro. Portanto, para o pólen, não há fronteiras entre o campo e as cidades.
Tal toxina, num futuro próximo, irá impregnar o nosso nariz, de forma involuntária, sem distinção, atingindo todas as faixas etárias da população e os diferentes estratos da nossa sociedade.
Isso mesmo. Todos vão aspirar: crianças, jovens, adultos e idosos, o homem comum, agricultores, professores, médicos, padres, prefeitos e até mesmo aqueles políticos sujos que se elegem graças à compra dos votos.

Roberto Câmara é Mestre em Agronomia em Medianeira, PR

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