Transgênicos são produtos criados pela engenharia genética a partir da introdução de genes de determinados organismos em outros seres vivos, que jamais se cruzariam naturalmente. A tecnologia permite, por exemplo, introduzir um gene humano numa ovelha, ou um gene de peixe, bactéria ou de vírus em espécies de soja, milho ou eucalipto.
Empresas de biotecnologia passaram a desenvolver plantas e animais através destas modificações, visando alterar características, como por exemplo uma maior resistência à seca, o que parece ser bom.
Ocorre, porém, que estas poderosas multinacionais, visando seus próprios interesses, realizaram trabalhos de modificação genética principalmente no intuito de multiplicar seus lucros. No último dia 5 de março, por causa de uma manifestação de movimentos sociais, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) decidiu adiar a votação sobre a liberação do uso de uma variedade de eucalipto transgênico.
O pedido de liberação para uso comercial do eucalipto transgênico, sob o nome de H421, foi feito pela FuturaGene, com o objetivo exclusivo de aumentar em 20% a produção do volume da madeira, matéria prima para a produção da celulose. Com isso, o ciclo da colheita da planta para o uso na indústria de papel passará de 7 anos para 4 ou 5.
Mesmo as plantações de variedades naturais de eucalipto são conhecidas por arruinarem o solo, acabando com as reservas de água e afastando a fauna da região. No entanto, a árvore cumpre um importante papel na produção de mel como uma das principais fontes de pólen para as abelhas. Com a liberação de um eucalipto transgênico, nós teríamos um mel transgênico.
Não há estudos conclusivos em relação aos malefícios para a saúde das abelhas ou dos consumidores que venham a consumir um mel transgênico.
O Brasil é o 10º maior produtor de mel, com uma grande produção silvestre natural e orgânica. Além disso, 50% da produção estão voltadas para a exportação. De acordo com o Sebrae, a maior parte do mel vem da agricultura familiar, que será afetada na sua produção. A produção de mel atualmente chega a mais de 40 mil toneladas por ano, envolvendo 500 mil apicultores, a maioria da agricultura familiar. Países compradores poderiam deixar de importar o mel brasileiro dependendo da legislação local sobre produtos transgênicos.
A FuturaGen, sediada em Israel e recém adquirida pela Suzano, construiu esse “Frankenstein” super-produtivo através da combinação do DNA da planta com o de uma bactéria que tem ação antibiótica no tecido da madeira, e que irá afetar o néctar de pólen utilizado na produção de mel. As abelhas vão utilizar esse mel com essa bactéria que gera uma ação antibiótica e tóxica que ninguém conhece a dimensão.
Não procede, portanto, a opinião expressa na seção Espaço Aberto, artigo de Opinião do Jornal Folha de Londrina, por Adriana Brondani, em 21 de março, quando diz que “os transgênicos são ferramentas para melhorar a segurança alimentar”, e que “não há associação entre o uso de OGM a qualquer prejuízo para a saúde”.
No final do ano passado, um apicultor de Elmwood, no Canadá, perdeu 600 colmeias por causa do plantio de milho transgênico nas terras vizinhas.
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Abelhas mortas por causa do milho transgênico no Canadá |
Sabe-se que as avaliações que a empresa fez não foram realizadas da maneira correta: Eles perderam experimentos, as colmeias morreram, os técnicos admitiram no processo que faltou recurso e tempo, e que por isso não puderam terminar os experimentos. Pela pressão da empresa, eles não teriam refeito os testes necessários da maneira correta.
Com a diminuição do ciclo de corte de 7 para 4 anos, haverá uma “tragédia” do ponto de vista hidrológico, pois as bacias hidrográficas não terão tempo para se recuperar dos primeiros anos de crescimento da árvore, quando é consumido um volume muito grande de água. Nunca vai ter água disponível, vai ser um consumo absurdo, então o impacto que há hoje, que já é sério, vai se multiplicar.
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