domingo, 26 de abril de 2015

O Eucalipto Transgênico, o Mel e a Água

Transgênicos são produtos criados pela engenharia genética a partir da introdução de genes de determinados organismos em outros seres vivos, que jamais se cruzariam naturalmente. A tecnologia permite, por exemplo, introduzir um gene humano numa ovelha, ou um gene de peixe, bactéria ou de vírus em espécies de soja, milho ou eucalipto.
Empresas de biotecnologia passaram a desenvolver plantas e animais através destas modificações, visando alterar características, como por exemplo uma maior resistência à seca, o que parece ser bom.
Ocorre, porém, que estas poderosas multinacionais, visando seus próprios interesses, realizaram trabalhos de modificação genética principalmente no intuito de multiplicar seus lucros. No último dia 5 de março, por causa de uma manifestação de movimentos sociais, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) decidiu adiar a votação sobre a liberação do uso de uma variedade de eucalipto transgênico.
O pedido de liberação para uso comercial do eucalipto transgênico, sob o nome de H421, foi feito pela FuturaGene, com o objetivo exclusivo de aumentar em 20% a produção do volume da madeira, matéria prima para a produção da celulose. Com isso, o ciclo da colheita da planta para o uso na indústria de papel passará de 7 anos para 4 ou 5.
Mesmo as plantações de variedades naturais de eucalipto são conhecidas por arruinarem o solo, acabando com as reservas de água e afastando a fauna da região. No entanto, a árvore cumpre um importante papel na produção de mel como uma das principais fontes de pólen para as abelhas. Com a liberação de um eucalipto transgênico, nós teríamos um mel transgênico.
Não há estudos conclusivos em relação aos malefícios para a saúde das abelhas ou dos consumidores que venham a consumir um mel transgênico.
O Brasil é o 10º maior produtor de mel, com uma grande produção silvestre natural e orgânica. Além disso, 50% da produção estão voltadas para a exportação. De acordo com o Sebrae, a maior parte do mel vem da agricultura familiar, que será afetada na sua produção. A produção de mel atualmente chega a mais de 40 mil toneladas por ano, envolvendo 500 mil apicultores, a maioria da agricultura familiar. Países compradores poderiam deixar de importar o mel brasileiro dependendo da legislação local sobre produtos transgênicos.
A FuturaGen, sediada em Israel e recém adquirida pela Suzano, construiu esse “Frankenstein” super-produtivo através da combinação do DNA da planta com o de uma bactéria que tem ação antibiótica no tecido da madeira, e que irá afetar o néctar de pólen utilizado na produção de mel. As abelhas vão utilizar esse mel com essa bactéria que gera uma ação antibiótica e tóxica que ninguém conhece a dimensão.
Não procede, portanto, a opinião expressa na seção Espaço Aberto, artigo de Opinião do Jornal Folha de Londrina, por Adriana Brondani, em 21 de março, quando diz que “os transgênicos são ferramentas para melhorar a segurança alimentar”, e que “não há associação entre o uso de OGM a qualquer prejuízo para a saúde”.
No final do ano passado, um apicultor de Elmwood, no Canadá, perdeu 600 colmeias por causa do plantio de milho transgênico nas terras vizinhas.
Abelhas mortas por causa do milho transgênico no Canadá
Sabe-se que as avaliações que a empresa fez não foram realizadas da maneira correta: Eles perderam experimentos, as colmeias morreram, os técnicos admitiram no processo que faltou recurso e tempo, e que por isso não puderam terminar os experimentos. Pela pressão da empresa, eles não teriam refeito os testes necessários da maneira correta.
Com a diminuição do ciclo de corte de 7 para 4 anos, haverá uma “tragédia” do ponto de vista hidrológico, pois as bacias hidrográficas não terão tempo para se recuperar dos primeiros anos de crescimento da árvore, quando é consumido um volume muito grande de água. Nunca vai ter água disponível, vai ser um consumo absurdo, então o impacto que há hoje, que já é sério, vai se multiplicar.

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